A professora ao contrário, descorrige redações, faz recreio nas aulas, ensina brincando e, o mais importante, aprende com os alunos. Misturando o prazer de aprender com o gosto de brincar, a professora e seus alunos fazem da escola um lugar de livre pensamento, de invenções e de descobertas. (do livro Flávia-Flávia: a professora ao contrário, de Luiz Raul Machado)
quinta-feira, 30 de março de 2017
O que cabe à Escola?
Comentários de Rafael Lima de Souza, a partir de postagem de Katharine Akier
Existem concepções diferentes de escola e esse panfleto/jornal, sei lá, defende uma concepção arcaica, obsoleta, que em muito é responsável por um monte de cagada que a gente tem no mundo aí. O que não é nada novo no horizonte, em termos de "Luta para se manter arcaico", escola, professores e profissionais de educação num geral possuem uma maestria ímpar.
A escola é a única instituição que existe com um projeto explícito de educação. Até quando ela decide que ela "Ensina e não educa", ela possui um projeto explícito de educação. E não só isso, ainda que outras instituições também possuam projetos de educação (implícitos), a escola existe *apenas* para isso, diferente das outras instituições.
Mas se ela é a instituição formal com projeto de educação ela não pode abdicar de cumprir sua função. Deve ser uma construção *EM CONJUNTO* com a família? Sim.
Mas a escola não quer construir com a família, ela quer que a família seja totalmente responsável por esse processo, enquanto o papel dela é apenas... depositar conteúdo na cabeça do aluno.
A família muitas vezes não tem condições de cumprir esse papel de forma satisfatória. Isso pode ser por trocentos motivos diferentes (pode ser porque a família não saiba como fazer, pode ser porque a família realmente tá cagando e andando e, por outro lado, tá jogando a responsabilidade 100% na escola, porque a família não está nem aí), mas a escola não pode ter uma posição de "Se vocês não fazem, a gente não faz também".
A escola do jeito que é hoje, é um espaço extremamente pouco acolhedor, que na verdade só afasta dela quem não está dentro do modelo super ultra perfeito de aluno que ela quer. A escola, num geral, quer apenas o "aluno perfeito" e o resto que se vire para se encaixar.
E nesse sentido, como a Kath disse, ela está totalmente deslocada do mundo real. Essa escola existe numa bolha surreal sem sentido onde as pessoas de sucesso são as que sabem como calcular a determinante da matriz e identificar orações subordinadas substantivas objetivas diretas e que não questionam nada, ficam caladas, não têm amigos e aceitam todas as ordens que lhe são impostas.
Onde no resto do mundo estão essas as pessoas que constroem esse mundo?
Como eu sempre digo (E a Denise Vilardo também costuma dizer), a escola quer trabalhar apenas com o aluno que não precisa dela - a escola.
A escola tem um papel a cumprir e abdicar de cumprir esse papel porque o outro lado não está conseguindo fazê-lo é uma irresponsabilidade sem tamanho, para dizer o mínimo. Não pode nunca ser a escola a dizer "eu não vou fazer isso".
E mais uma coisa que eu gostaria de adicionar.
"Respeitar os professores" é um grito desesperado de um profissional que ficou perdido no tempo e não consegue mais ter o respeito do seu aluno simplesmente por causa da sua posição na sala.
Eu estou dando aula para o Ensino Fundamental 2 agora. Muitas vezes é difícil, eles são elétricos, dispersos, um monte de coisas.
Nunca desrespeitosos.
A instituição é que os desrespeita com frequência.
Respeito é algo que você conquista, sempre. Existe um mínimo que se espera entre quaisquer pessoas, qualquer coisa acima disso você consegue porque você conquistou. E não se conquista respeito desrespeitando o outro. É uma construção mútua.
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