quinta-feira, 14 de junho de 2007

E a gente continua pensando...

Vamos tentar... seguir a proposta de uma discussão mais metodológica.

Será bom iniciar recuperando a idéia básica de que tecnologia - a grosso modo - é tudo o que o homem produz pra facilitar a vida dele nesse mundo. Portanto, desde o tempo do machado, passando pela roda, pela frigideira, pelo lápis, pela máquina de lavar roupa e pelo secador de cabelo até... a parafernália eletrônica e digital...

Seguindo esse raciocínio, as pequenas máquinas também devem cumprir esse papel: a de tornar a nossa vida melhor, qualitativamente falando.

Ou seja, como daremos melhores aulas e como os alunos aprenderão com mais eficiência, utilizando as benditas?

A máquina é a máquina, está aí, com mil possibilidades e ampliando exponencialmente essas possibilidades diariamente.

Nesse momento, cabe insistir num ponto: não há projeto de educação, sem um projeto de sociedade.

O que queremos? Onde queremos chegar? Pra quê?

Essas respostas nortearão todo o "como fazer", que é a discussão metodológica que se faz tão necessária.

Nem é tão difícil assim de pensar...

Se queremos ter, lá na frente, uma sociedade de "vacas de presépio", de seres não pensantes, é só continuarmos a fazer o que já estamos fazendo há muito. É só continuar repetindo a fórmula que vem dando tão certo... profissionais desqualificados, preparados pela academia de maneira a continuar reproduzindo esse modelo desde o início do século passado; condições precaríssimas de trabalho (desde salas de aula sem iluminação até turmas de 50 crianças onde cabem 25...); relações de trabalho baseadas em autoritarismo e não em competência; tomadas de decisões individualistas onde perde-se completamente o foco que é o aluno; salas de leitura e laboratórios de informática que não são abertos para os alunos, para não estragar o material... e por aí vai... a lista é grande.

Isso tudo aliado ao fato de ainda não se perceber a provisoriedade do conhecimento e de que não há mais "donos do saber".

Nesse caso, é só continuar utilizando os livros didáticos que já existem (e que já vêm com as respostas dos exercícios prontas, pro professor não precisar queimar neurônios - ou por acreditar que nós nem temos isso), ou mandando os meninos copiarem o "arme e efetue" do quadro, ou ainda - numa perspectiva de modernidade - pedir que os alunos pesquisem "na internet" o "período colonial brasileiro" e ficar todos muito chateados porque eles "copiaram e colaram"...

Agora, se queremos ter, lá na frente, seres pensantes que atuem de maneira conseqüente e digna numa sociedade que se imagina que possa ser mais razoável do que a que estamos vivendo, tem que se mexer em tudo!

Desde a requalificação contínua dos profissionais da educação, passando pelas condições físicas das escolas, pelas relações solidárias entre as pessoas que lá atuam (não dá pra acreditar que todos passarão a trabalhar numa perspectiva colaborativa apenas quando se encontrarem diante das máquinas...), até a rotina de trabalho dentro das classes (pensando a metodologia).

E aí, se queremos que os meninos pensem, temos que ensinar a pensar! Temos que ser curiosos, para sermos capazes de instigar a curiosidade deles, temos que tentar acompanhar, todo o tempo, a lógica de cada raciocínio que resultou em alguma resposta, ou que ocasionou alguma pergunta, para poder mediar esse raciocínio.

Pensar as pequenas máquinas como objeto não apenas de acesso às informações - o que já é bom demais, na medida em horizontaliza esse acesso, rompendo com a lógica do "eu sei, você não sabe, portanto eu tenho mais poder que você..." - mas também como lugar de produção de conhecimento, onde os meninos devem ser levados a criar suas próprias conclusões, a criar soluções para situações problematizadoras, tendo como pano de fundo todo o conhecimento já armazenado e facilmente localizado.

A metodologia

É por aí... partindo de uma situação contextualizada ao universo do aluno, problematizada, desafiadora, refletir sobre ela e chegar a algumas conclusões, provisórias... e, se possível, com propostas de solução. Isso pode ser feito ao se analisar um texto incoerente, para torná-lo coerente... com uma expressão matemática, onde se busque um contexto situacional para expressá-la... com uma reflexão sobre a falta de água e seus efeitos sobre o meio ambiente... com provocações curiosas sobre a história e a geografia do nosso país e do mundo, além de passeios sobre o corpo humano e o mundo das artes.

E... caramba! O que não falta são programas pra nos ajudar a fazer isso de maneira mais organizada, mas bonita, mais rápida...

Isso não é fácil, porque não aprendemos, absolutamente, a fazer desse jeito. Portanto, não há história para ser copiada. Tem história pra ser construída.

Mas não tenho a menor dúvida de que estamos com uma grande oportunidade diante de nós: reconstruir esse país com o apoio inequívoco da educação e com as pequenas máquinas nos ajudando a pensar, e a ensinar a pensar de maneira mais eficaz.

Ah, antes que eu me esqueça, os PCNs, através das suas diretrizes apontam de maneira bastante coerente e conseqüente para uma sociedade pensante. Tem é que sair do papel... e começar a virar atitude.

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