segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Por que paramos de ensinar?

Há uma situação insustentável, com a qual os sistemas públicos vêm se deparando, e tentando resolver, desde a década de 80.

Nossos índices de reprovação são absurdos e essa é a maior causa da evasão escolar, conseqüentemente. Ou seja, meninos e meninas, reprovados seguidamente, acabam abandonando a escola. São gerações e gerações vivenciando esse processo. O resultado não pode ser outro: desemprego, alastramento das ocupações informais e gente morando nas ruas.

Reverter esse quadro é tarefa das grandes.

Primeiramente, há que se levar em conta que vivemos numa estrutura escolar forjada no século XIX e com a qual lidamos até hoje: isso se manifesta desde a ocupação física da sala de aula – com carteiras dispostas umas atrás das outras – até a organização curricular – aulas de 50 minutos, de disciplinas diferentes, sem qualquer ligação entre elas, passando pelos cânones disciplinares, que mais parecem os de um quartel, do que de um local onde se aprende e se constrói conhecimento.

Aliás, esse último item não é reconhecido pelos próprios professores, uma vez que ainda se trabalha com a idéia de que a escola é local para “passar” informações, e não para criar conteúdo.
Junte-se a essa receita infalível o fato de que, a partir da década de 70, com a universalização do ensino, imposta por Lei Federal, as escolas passaram a receber, em massa, crianças e jovens das classes populares, que nunca se livraram do estigma de “não aprendem porque são pobres, e se são pobres comem pouco e mal, e se comem pouco e mal, seus neurônios não se desenvolvem como deveriam...”, portanto, acredita-se:eles não aprendem.

Um outro dado relevante é que a Academia que forma professores – que deveria sair na frente, propondo soluções e acompanhando o progresso de pesquisas e experimentando-as – continua a ser a mais retrógrada das instituições, a que tem mais dificuldade em avançar em qualquer proposta de mudança. É a manutenção do “status-quo”.

Nesse sentido, reprovar em larga escala os alunos compõe um quadro coerente.

O que, na minha opinião, é mais desastroso nisso tudo, não é o fato de se reprovar, mas é o fato de não se ensinar! Essa é a grande questão. Se estivessem reprovando alunos e, os aprovados estivessem saindo da escola muito sabidos, eu dava a mão à palmatória. Os meninos e meninas saem das escolas sem saber muita coisa, além do que teriam aprendido se não tivessem freqüentado escola alguma! Os alunos não pararam de aprender aprender. A escola é que parou de ensinar – ou insiste em ensinar o que não tem sentido, não tem significado.

Os índices de reprovação são lastimáveis? São, sem dúvida alguma, e há que se estudar a respeito do desenvolvimento da inteligência, para se perceber que o ser humano é um ser potencialmente "aprendente" – não devemos reprovar, pelo simples fato de que não desaprendemos; a reprovação leva à evasão? Perfeitamente. É ato contínuo. Mas não adianta apenas termos “escolaridade estatística”, é preciso que as pessoas se apropriem do conhecimento.

Se isso vai afetar a produtividade de um país, o que vocês acham?

Denise