quarta-feira, 27 de maio de 2015

É um desastre

O sistema de educação foi concebido para preparar as pessoas para ontem, não para hoje e muito menos para amanhã. São duas ordens de coisas: a primeira é o sistema falho, defasado, que continua preso aos ideais sociais do final do século XIX; outra coisa é a crença de que devemos preparar as pessoas para o futuro.

Preparar as pessoas para o futuro fazia sentido quando havia prognóstico sobre qual era o futuro que teríamos. Temos que preparar as pessoas para viver o hoje. Os sistemas de ensino sobrevivem como se fossem ilhas, isoladas da sociedade. As referências são efêmeras, difusas e, alunos e professores, encontram-se perdidos para lidar com o aqui e o agora.

A questão é preparar as pessoas para a imprevisibilidade. Brincávamos no colégio em que eu trabalhava, que nosso slogan deveria ser: "Aqui preparamos para o fracasso". É óbvio que não conseguiríamos aluno algum, mas seríamos mais coerentes com a necessária e urgente humanização do sistema. Os colégios "vendem" um falso produto, que é o sucesso irrestrito. Isso não condiz com a própria vida. Afora os conteúdos repetitivos e defasados, no colégio não entram os sentimentos de perda, de morte, de vida, de sexualidade, de frustrações.


A saída? Desconstruir a maioria das "verdades" que temos reproduzido incessantemente. Reconstruir novos e coerentes sentidos para a Educação. Perguntar-se continuamente, por que faço isso ou aquilo? Por que escolho isso e não aquilo? Utilizar as tecnologias para a construção de um novo projeto de sociedade. Uma visão sustentável em todos os âmbitos.

sábado, 9 de maio de 2015

Vítima de racismo em escola, menina é obrigada a pedir desculpas aos agressores

Escrito por Fernanda Canofre Desde que Camila dos Santos Reis consegue lembrar, a filha Lorena, de 12 anos, sempre foi uma menina doce, que gosta de correr pelo Parque Ibirapuera, em São Paulo, e assistir desenhos da Disney. No entanto, desde a volta às aulas esse ano, Lorena estava diferente — mais quieta, retraída. Era uma noite de março quando Camila recebeu uma ligação da escola avisando que Lorena seria transferida de turma porque “os colegas não se adaptaram a ela”.


Foi difícil para Camila entender. As duas sempre foram muito próximas, era estranho que Lorena não tivesse contado nada. Quando a mãe a procurou, ela explicou: tinha vergonha. Desde o início do ano letivo, Lorena — que é negra — estava sofrendo bullying e racismo na escola. No mesmo dia em que Camila recebeu a ligação, Lorena havia procurado a direção para reclamar dos ataques. Mas, segundo Camila, a escola só tomou medidas para identificar quem estava por trás dos atques duas semanas depois. Quando os outros alunos souberam que Lorena teve que nomear os agressores, acabou sendo confrontada, como conta o post da página Preta e Acadêmica: no espaço da escola, seus “colegas” começaram a questionar sobre o ocorrido, e como ela pode ter os dedurado, iniciando uma gritaria contra a criança, que correu para os braços da diretora do colégio.

A diretora, que “já está de saco cheio dessa história” (palavras da própria), resolveu fazer uma acareação. O resultado? Lorena teve que pedir desculpas para seus agressores. Por fim, a diretora perguntou se a menina gostaria de trocar de turma e Lorena, cansada, aceitou.

Quatro dias depois, as coisas pioraram. Como Camila contou em seu perfil do Facebook, compartilhado por mais de 74 mil pessoas, Lorena lhe enviou uma mensagem com a frase: “Olha como eu sofro”, seguida de uma série de áudios. (…) coloquei meu fone no ouvido, e apertei o botão “REPRODUZIR”, que susto eu levei… logo a primeira frase gritada em alto e bom som foi “SUA PRETA, TESTA DE BATER BIFE DO CARA*****”, foram 53 segundos de ofensas horrorizantes, palavrões ofensivos, a nível físico, racial e por incrível que pareça sexual, vinda de um garoto de aproximadamente 13 anos morador do condomínio onde vivemos.

Um grupo formado por 20 crianças — alguns da escola de Lorena, outros, seus vizinhos em São Bernardo do Campo — usaram um grupo no Whatsapp para seguir com as agressões contra Lorena. Camila conta no mesmo post: pedi para ela me mandar todos os áudios que tinha recebido, uma sequência de mais de 20 áudios aproximadamente, então percebi que os áudios estavam sendo enviados de um grupo de amizade da qual ela faz parte. Todos os participantes do grupo são do condomínio, onde 2 meninos a ofendiam enquanto alguns outros incentivavam as ofensas.

As frases que mais marcaram e mais me assustaram foram: “SUA PRETA, TESTA DE BATE BIFE DO CARA******!” “EU SOU RACISTA MESMO, QUANDO EU QUERO SER RACISTA EU SOU RACISTA, ENTENDEU?” “TODA VEZ QUE EU ENCONTRAR ELA NA MINHA FRENTE EU VOU ZUAR ATÉ ELA CHORAR” “VOCÊ VAI FICAR NESTE GRUPO ATÉ VOCÊ CHORAR” “CABELO DE MOVEDIÇA, CABELO DE MIOJO, CABELO DE MACARRÃO”

Muitos dos colegas ficaram quietos e preferiram não se manifestar, um deles até saiu do grupo quando as ofensas começaram, teve outro que se revoltou e disse que estavam passando dos limites e que aquilo já era desrespeito demais.

Entrei em choque, diante de tantas agressões psicológicas, tamanha inconsequência dessa juventude que ainda nos dias de hoje se comporta de maneira tão cruel, não posso encarar essa situação como “coisa de criança”, racismo nunca foi coisa de criança. Por envolver menores de idade, o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar. Dentro da escola, não houve nenhuma punição aos agressores ou mesmo uma tentativa de abordar a agressão com os envolvidos.

Em entrevista ao Global Voices, Camila revelou que isso foi o que a deixou mais indignada. “É o errado vencendo o certo, trocou de turma, mas os alunos não foram conscientizados do erro que estavam cometendo, e nos corredores da escola quando se encontrassem, como seria? Eles iam continuar ofendendo ela? Recebi uma ligação da escola no período da noite me informando que ela seria trocada de turma porque não houve uma adaptação. Como assim? E na sociedade aonde eu coloco ela?”. “Não é bullying, e sim racismo”

O que aconteceu com Lorena parece denominador comum na infância de alunos negros. É a experiência de vida de milhares de meninas negras que passam pelos anos de escola tendo que ouvir piadas sobre seus cabelos e a cor da pele. Todas vítimas de racismo, não bullying.

Para diferenciar as duas formas de preconceito, em 2013, um grupo de 21 mulheres negras resolveu reunir suas histórias de escola no livro “Negras (in)confidências: Bullying, não. Isto é racismo”, onde explicam: As organizadoras fazem questão de afirmar que o que ocorre com as crianças negras não é bullying e sim racismo, pois, no primeiro caso, a maior parte das agressões acontece sem a presença dos adultos e os que sofrem a agressão tendem a cometer atos de agressão por terem sofrido agressões, mas não falam sobre o assunto. O racismo, no entanto, é uma ideologia que afirma uma raça superior a outra; a ideologia é tão difundida que as agressões ocorrem tanto na presença de adultos, como os mesmos as promovem, assim, mesmo que as crianças procurem ajuda na escola, não a obterão, o que aumenta a sensação de injustiça e solidão. Acreditam que o bullying inferioriza e o racismo, para além de inferiorizar, desumaniza o ser humano.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Institucional de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2009, mostrou que o preconceito étnico-racial é o segundo mais forte nas escolas brasileiras, atrás apenas de preconceito por questões físicas, como obesidade. O estudo ouviu professores, funcionários e alunos de 500 escolas em todo o país. Apenas 5% dos entrevistados eram negros. Em 2003, a assinatura da lei 10.639, tornando o ensino da “História e Cultura Afro-Brasileira” temática obrigatória nas escolas, parecia anunciar uma mudança no sistema. Mas não foi bem assim.

Dez anos depois, num artigo na Revista Fórum, o professor Dennis Oliveira, membro do Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (Neinb), apontou entre os problemas na implementação da lei a resistência de cursos superiores de pedagogia em incluir a matéria no currículo e, consequentemente, a falta de professores com formação nela. Viviane de Paula, em artigo publicado no site Blogueiras Negras, afirma que “o ambiente escolar é ainda agente opressor para muitas identidades”, algo que tanto o Estado quanto as comunidades escolares ainda não conseguem reconhecer: a escola, sem dúvidas, é um espaço sócio-cultural que deve aceitar e, sobretudo, discutir amplamente a pluraridade cultural, até mesmo como uma maneira de desconstruir preconceitos. O que muitas vezes presencia-se nas escolas são atitudes de descaso e silenciamento por parte da gestão escolar. Observa-se que os gestores de instituições públicas e privadas não se posicionam: é mais fácil esconder, do que problematizar.

#SomosTodasLorena

Depois de tudo o que aconteceu na escola, Lorena só queria ver o pai, a mãe e a melhor amiga. “Isso gerou uma insegurança muito grande nela, além da resistência em ir para a escola, ela está tendo muita dificuldade de dormir, acorda de madrugada e não consegue mais pegar no sono, e o apetite dela diminuiu muito”, contou Camila em entrevista ao GV. Ainda assim, o apoio que Camila encontrou nas redes sociais desde que contou a história da filha revela que a internet se abriu como espaço de afirmação a tudo aquilo que é ignorado fora da rede. “Diante da proporção que este caso tomou e da quantidade de mensagens de apoio, ajuda e carinho que recebemos, acredite, existem muito mais pessoas do bem do que do mal”, comentou em entrevista ao GV.

Logo após a publicação do relato no Facebook, um sociólogo escreveu para Camila se oferecendo para realizar um treinamento com o corpo docente da escola sobre medidas socioeducativas a serem tomadas nesse tipo de situação. A escola aceitou, mas depois voltou atrás. Segundo Camila, ainda há muito para acontecer até a conclusão do caso. A hashtag #SomosTodasLorena começou a circular mostrando mães e comunidades dedicadas a exaltar os cabelos crespos, como o grupo As Vantagens de se Enrolar. Desde que sua história apareceu na internet, Lolô (como Lorena é carinhosamente chamada) adotou um black power. Um começo para ela descobrir como ela é linda e tem poder.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A Educação que temos rouba dos jovens a Consciência, o Tempo e a Vida

Quando ouvimos este psiquiatra chileno de 75 anos, temos a sensação de estarmos diante de Jean-Jacques Rousseau do nosso tempo. Ele nos conta que esteve bastante adormecido até os anos 60, quando se mudou para os EUA, se tornou discípulo de Fritz Perls, um dos grandes terapeutas do século XX, e passou a integrar a equipe de terapeutas do Instituto Esalen da Califórnia. A partir deste momento passou a ter profundas experiências no mundo terapêutico e espiritual. Entrou em contato com o Sufismo e tornou-se um dos introdutores do Eneagrama no Ocidente. Ele também se aprofundou nos estudos do budismo tibetano e do zen.

Claudio Naranjo tem dedicado sua vida à pesquisa e ao ensino em universidades como Harvard e Berkeley. Fundou o programa SAT, uma integração de Gestalt-terapia, o Eneagrama e Meditação para enriquecer a formação de terapeutas professores. Neste momento, lança um alerta contundente: ou mudamos a educação ou o mundo vai afundar.

1- Você diz que para mudar o mundo é preciso mudar a educação. Qual é o problema da educação e qual é a sua proposta?

– O problema da educação não é de forma alguma o que os educadores pensam que é. Acreditam que os alunos não querem mais o que eles tem a oferecer. Aos alunos vão querer forçar uma educação irrelevante e estes se defendem com distúrbios de atenção e com a desmotivação. Eu acho que a educação não está a serviço da evolução humana, mas sim da produção ou da socialização. Esta educação serve para adestrar as pessoas de geração em geração, a fim de continuarem sendo manipulados como cordeiros pela mídia. Este é um grande mal social, querer usar a educação como uma maneira de embutir na mente das pessoas um modo de ver as coisas que irá atender ao sistema e a burocracia. Nossa maior necessidade é evoluir na educação, para que as pessoas sejam o que elas poderiam ser. A crise da educação não é uma crise, entre as muitas crises que temos, uma vez que a educação é o cerne do problema. O mundo está em uma profunda crise por não termos uma educação voltada para a consciência. Nossa educação está estruturada de uma forma que rouba as pessoas de sua consciência, seu tempo e sua vida. O modelo de desenvolvimento econômico de hoje tem ofuscado o desenvolvimento da pessoa.

2- Como seria uma educação para a qual sejamos seres completos?

– A educação ensina as pessoas a passarem por exames, não a pensarem por si mesmas. É um tipo de exame em que não se mede a compreensão e sim a capacidade de repetir. É ridículo, se perde uma grande quantidade de energia! Ao invés de uma educação para a informação, precisamos de uma educação que aborde o aspecto emocional e uma educação da mente profunda. Para mim parece que estamos presos entre uma alternativa idiota, que é a educação secular e uma educação autoritária, que é a educação religiosa tradicional. Está tudo bem separar o Estado e a Igreja mas, por exemplo, a Espanha, tem descartado o espírito, como se religião e espírito fossem a mesma coisa. Precisamos que a educação também atenda à mente profunda.

3- Quando você fala sobre a espiritualidade e a mente profunda o que quer dizer exatamente?

- Tem a ver com a própria consciência, com essa parte da mente da qual depende o sentido da vida. Está se educando as pessoas, sem este sentido. Tampouco é uma educação de valores, porque a educação de valores é demasiadamente retórica e intelectual. Os valores deveriam ser cultivados através de um processo de transformação pessoal e esta transformação está longe da educação atual. A educação deve também incluir um aspecto terapêutico. O desenvolvimento pessoal não pode ser separado do crescimento emocional. Os jovens estão muito danificados afetiva e emocionalmente pelo fato de que o mercado de trabalho esta absorvendo os pais que não têm mais disponibilidade para os filhos. Há muita carência amorosa e muitos desequilíbrios nas crianças. Não pode aprender intelectualmente uma pessoa que está emocionalmente danificada. O lado terapêutico tem muito a ver com resgatar na pessoa a liberdade, a espontaneidade e a capacidade de satisfazer seus próprios desejos. O mundo civilizado é um mundo domesticado, tanto a formação, quanto a criança, são instrumentos desta domesticação. Temos uma civilização doente que os artistas perceberam há muito tempo e agora cada vez mais pensadores, percebem também.

4- A educação parece interessada apenas em desenvolver as pessoas racionais. Que outras partes mais poderiam ser desenvolvidas?

-Eu coloco ênfase de que somos seres com três cérebros: temos cabeça (cérebro intelectual), coração (cérebro emocional) e intestino (cérebro visceral ou instintivo). A civilização está intimamente ligada à tomada do poder pelo cérebro racional. No momento em que os homens predominaram no controle político, cerca de 6000 anos atrás, instaurou-se o que chamamos de civilização. E não é só o domínio masculino e nem só o domínio da razão, mas também a razão instrumental e prática, que se associa com a tecnologia; é este predomínio da razão instrumental sobre o afeto e a sabedoria instintiva, que nos tem empobrecido. A plenitude só pode existir em uma pessoa que tem os três cérebros ordenados e coordenados. Deste meu ponto de vista, precisamos de uma educação para os seres com três cérebros. Uma educação que poderia ser chamada de holística ou integral. Se vamos educar a pessoa como um todo, devemos ter em mente que a pessoa não é apenas razão. Ao sistema convém que cada pessoa não esteja em contato consigo mesma e nem que pense por si mesma. Por mais que se levante a bandeira da democracia, ele tem muito medo que as pessoas tenham uma voz e estejam conscientes. A classe política não está disposta a investir em educação.

5- A educação nos faz mergulhar em um mar de conceitos que nos separam da realidade e nos aprisiona em nossa própria mente. Como se pode sair desta prisão?

- Esta é uma grande questão, uma questão necessária, no mundo educacional. A ideia de que o conceitual é uma prisão, requer uma certa experiência de que a vida é mais do que isso. Para quem já tem interesse em sair da prisão intelectual, é muito importante ter disciplina para parar a mente, ter a disciplina do silêncio, como praticado em todas as tradições espirituais: cristianismo, budismo, yoga, xamanismo… Parar os diálogos internos, em todas as tradições do desenvolvimento humano, tem sido visto como algo muito importante. A pessoa precisa se alimentar de coisas a mais, do que conceitos. O sistema educacional quer aprisionar o indivíduo, em um lugar onde ele esteja submetido a uma educação conceitual forçada, como se não houvesse outra coisa na vida. É muito importante, por exemplo, a beleza…a capacidade de reverência, de admiração, de veneração e de devoção. Isto não tem a ver necessariamente com uma religião ou um sistema de crenças. É uma parte importante da vida interior que está se perdendo, da mesma forma que estão perdendo, belas áreas da superfície da Terra, a medida que se constrói e se urbaniza.

6- Precisamente, quero saber sua opinião sobre a crise ecológica que vivemos.

- Ela é uma crise muito evidente, é a ameaça mais tangível de todas. Você pode facilmente prever que, com o aquecimento global, com o envenenamento dos oceanos e outros desastres que estão acontecendo, muitas pessoas não poderão sobreviver. Estamos vivendo graças ao petróleo e consumimos mais recursos do que a terra produz. É uma contagem regressiva. Quando ficarmos sem o combustível, será um desastre para o mundo tecnológico que temos. As pessoas que chamamos primitivas, como os índios, têm uma maneira de tratar a natureza que não vem do sentido utilitário. Na ecologia, na economia e em outras coisas, temos dispensado a consciência e trabalhado apenas com argumentos racionais que estão nos levando ao desastre. A crise ecológica só pode ser interrompida com uma mudança pelo coração, com a verdadeira transformação que só um processo educativo pode dar. Com isto, eu não tenho muita fé nas terapias ou religiões. Só uma educação holística poderia evitar a deterioração da mente e do planeta.

7- Poderíamos dizer que você encontrou um equilíbrio em sua vida nesse momento? Eu diria que mais e mais, apesar de eu não ter terminado a jornada. Eu sou uma pessoa com muita satisfação, a satisfação de ajudar o mundo que estou. Vivo feliz, se é que se pode ser feliz nesta situação trágica em que todos nós estamos.

8- A partir de sua experiência, da sua carreira e sua maturidade, como você processa a questão da morte?


- Em todas as tradições espirituais aconselha-se, a viver com a morte ao lado. Você tem que chegar a essa evidência de que somos mortais, e que levar a morte a sério não será tão vaidoso. Não teremos tanto medo das coisas pequenas, quando temos uma coisa maior com que nos preocupar. Acredito que a morte só é superada para aqueles que de alguma forma, morrem antes de morrer. Precisamos morrer para a parte mortal, para a parte que não transcende. Aqueles que tem tempo, suficiente dedicação e que vão suficientemente longe nesta viagem interior, finalmente encontram seu verdadeiro Eu. Este ser interior ou este ser que é um, é algo que não tem tempo, e dá a uma pessoa uma certa paz ou um sentimento de invulnerabilidade. Estamos tão absortos em nossas vidas diárias, em nossos pensamentos de alegria, tristeza, etc…Não estamos em nós mesmos, não temos conhecimento de quem somos. Para isso, precisamos estar muito sintonizados com a nossa experiência de tempo. Esta é a condição humana, estamos vivendo no passado e no futuro, no aspecto horizontal de nossas vidas, porém, desatentos para a dimensão vertical da vida, para o aspecto mais alto e mais profundo, nosso espírito e nosso ser. E a chave para este acesso, é o aqui e o agora. Às vezes estamos em busca do ‘Ser’ e às vezes ficamos confusos em busca de outras coisas menos importantes, como o sucesso e a fama.